Enquadramento

Em Portugal, a agricultura tem demonstrado…

… ser um setor de garante da soberania nacional, por quanto se tem observado a sua importância e resiliência aos momentos de crise ora vividos. Um dos fatores que se tem revelado chave para o sucesso desta atividade tem sido a aposta em novas soluções tecnológicos, capazes de maiores índices de produtividade e simultaneamente de uma utilização mais racional dos fatores de produção e dos recursos naturais.
Prova disso é o peso que o setor agroalimentar, onde se insere o setor agrícola, assume na economia nacional com Portugal a ser o 41º exportador mundial da indústria agroalimentar, e em 2018, representando 11,3% das exportações totais portuguesas.
O atual rumo a um sistema alimentar europeu mais saudável e sustentável no seio do Pacto Ecológico Europeu, das estratégias da biodiversidade e do «Prado ao Prato» apontam para um novo e melhor equilíbrio entre natureza, sistemas alimentares e biodiversidade.
O garante desta intenção passa pela tomada de decisões da Comissão Europeia na redução em 50 % da utilização dos pesticidas químicos até 2030, na redução das perdas de nutrientes em 50% assegurando simultaneamente a não deterioração da fertilidade do solo e na redução da utilização de fertilizantes em pelo menos 20 %.
Mas este desafio só é alcançável se assente em bases de conhecimento, investigação e competências, conforme previsto nas metas da agenda de Inovação para Agricultura 2030 alinhada com o Plano de Ação para a Transição Digital cujos pilares são a capacitação digital das pessoas, transformação digital das empresas e digitalização do Estado.
No caso do setor agrícola são enormes os desafios colocados pela transformação digital, só capazes de serem ultrapassados se realizado trabalho em rede capaz de identificar as ameaças e oportunidades que se colocam ao setor, e no terreno contribuir para a capacitação, empreendedorismo e adoção de novas praticas e processos capazes de satisfazer as metas propostas.

A agricultura de precisão, a digitalização e a mecanização agrária…

… congregam no seu seio um conjunto de tecnologias determinantes para a produtividade das fileiras de produção agroflorestal através do uso da tecnologia, das máquinas e dos equipamentos para a realização de trabalhos de mobilização e preparação do solo, sementeira, fertilização e tratamento de culturas, operações de corte e colheita e operações de exploração florestal. Por seu turno a Política Agrícola Comum no período pós 2020 tem como objetivos a promoção de um setor mais inteligente, moderno e sustentável reforçando as medidas de proteção ambiental e luta contra as alterações climáticas.

Neste âmbito as competências em áreas tecnológicas constituem plataformas necessárias e imprescindíveis para a adoção do conceito de uma agricultura mais moderna e sustentável, envolvendo processos e instrumentos para a monitorização de culturas, floresta e sistemas de produção animal, que permitam a comunicação de dados à distancia e, apesar da ainda predominância do uso de combustíveis fósseis, constitui um enorme campo de ação no estudo e implementação do uso de biocombustíveis.

Estas considerações e a rápida evolução tecnológica de máquinas e equipamentos, requerem a atualização de conhecimentos e a revisão dos curricula dos seus utilizadores potenciando condições mais seguras de trabalho e criando oportunidade à criação de novas áreas de negócio.

A articulação entre os setores público e privado…

… nomeadamente entre o Ministério da Agricultura as Cooperativas e as Associações de interesse privado do setor agrícola e industrial, o papel que a investigação e transferência de tecnologia podem constituir para a coesão do setor agroflorestal e a Estratégia do Ministério da Agricultura para a investigação e inovação agroalimentar e florestal em articulação com as vária entidades do Sistema Cientifico e Tecnológico Nacional, mobilizando os agentes em torno de objetivos comuns, incentiva a criação de Clusters para o setor agroalimentar e florestal, Centros de Competências e de Grupos Operacionais, numa estratégia fortemente alinhada com o previsto para o programa Portugal 2020, que agora se revê na Agenda de Inovação “Terra Futura”.

O atual reconhecimento da importância das novas tecnologias para a produtividade do setor agroflorestal, e das competências transversais relacionadas com os instrumentos de Agricultura de Precisão, Mecanização e Digitalização, bem como a necessidade para estas áreas da disseminação do conhecimento, da transferência de tecnologia e do desenvolvimento de competências digitais justificam a importância do Centro Nacional de Competências para a Inovação Tecnológica do Setor Agroflorestal – InovTechAgro, cuja homologação em 16 de setembro de 2020 é fruto de um conjunto de diligências entre o Instituto Politécnico de Portalegre, a Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV, I.P) e a Associação Nacional de Produtores de Milho e Sorgo.

Desta forma o InovTechAgro tendo em vista a sua eficácia e eficiência assume a coordenação estratégica entre os seus membros sobre esta temática e a agregação do conhecimento, de modo a criar uma voz unificada evitando a fragmentação de esforços e desperdício de recursos.